26.7.10

Fauré piano quartet No. 2 Op. 45 g minor

ah, a música francesa!

essa semana, ouvi na rádio essa obra pela primeira vez. "Fauré, Fauré! Sempre aprontando".

a princípio, achei meio agressivo esse quarteto. mas a dança harmonica é absolutamente fascinante. coloquei aqui só o primeiro dos quatro movimentos. os intérpretes são um pouco afetados também, mas o som que eles fazem é bonito. nesse caso, é só fechar os olhos e tá tudo certo ;)

resolvi compartilhar esse pouquinho de Fauré que ouvi, e depois, ainda quero falar sobre Ravel , que é outro ser iluminado!
nem sei se alguém assiste a esses vídeos que eu tanto seleciono, mas, não desisto de postá-los, na esperança que eles possam inspirar o dia de alguém.

para estes, enjoy ;)

domingo.


passei a tarde no pier de Baltimore.

meu atraso para voltar a "terra de palmeiras onde canta o sabiá" me deu alguns privilégios, como o de hoje: presenciar esse pôr-do-sol absolutamente inesquecível.

além disso, hoje eu falei do circle book, falei da island of sky, do orfeu e da kolia, contei da olívia-clara-joana; falei muito.

e ouvi. foi bom. foi bonito porque o ouro do morrer do dia se espalhando pelas águas calmas resolveu emoldurar todas essas palavras.

fica o retrato de celular pra não apagar da minha mente essa tarde morna e falante ;)

22.7.10

meu coração se desmancha...


falo pouco aqui do meu amor pelos caninos.
acho que ano passado postei algo sobre um são bernardo, e o fato de que um dia, quero ter uma fêmea dessa raça, chamada Kolia.

pois bem. mas se eu tiver um macho, será um golden, e seu nome será Orfeu!

esse da foto é o da ana caram. mas toda vez que vejo um, meu coração se desmancha.
ontem mesmo vi um numa propaganda de tv, e quase quis pular na tela.

que saudade de ter cachorro.
quero um logo!

21.7.10

os maias


eça de queirós tem parte do meu coração com ele.
é meu português favorito.
a riqueza de suas descrições realmente consegue me algemar e não conseguir para de ler.

ele era esperto. contemporâneo de machado, já dizia "machado tem as melhores idéias; eu escrevo como ninguém". verdade!

de seus romances, os maias é meu favorito. a maestria com que foi escrito é para mim, um mistério. as vezes, me pego meditando nesse mistério sozinha, com meus pensamentos.
o primeiro parágrafo do livro já me convidou, desde a primeira leitura ( e para mim, primeiros parágrafos são cruciais. definem minha avidez pela obra).

A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o Ramalhete. Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de Residência Eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da Sr.ª D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo assimilar-se-ia a um Colégio de Jesuítas. O nome de Ramalhete provinha de certo dum revestimento quadrado de azulejos fazendo painel no lugar heráldico do Escudo de Armas, que nunca chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de girassóis atado por uma fita onde se distinguiam letras e números duma data.

a história do romance é tão dramática e até controversa. mas a pena de eça sempre me encanta.
para ler e reler.

minha 1ª sonata de beethoven

essa foi a primeira sonata de beethoven que toquei.
quem toca piano pode dizer que foi meio tarde, mas comecei a estudá-la em 2007 no meu primeiro ano na faculdade. no mesmo ano, toquei-a num recital de alunos.
o interessante é que naquela época eu não tinha o hábito de ficar ouvindo interpretações alheias das coisas que estava estudando. o professor escolheu essa, e foi essa que toquei (hoje em dia, isso jamais aconteceria).

finalmente, 4 anos depois, resolvi dar uma ouvidinha em outras leituras dessa peça.
foi ótimo. percebi que não estava tão discrepante a minha interpretação (e naquela época, eu nem era tão ligada nisso..)

Eis aí, uma versão do primeiro movimento da sonata n.9 op. 14 de beethoven, tocada por Daniel Barenboim, que me surpreendeu (geralmente, não gosto dele....mas aqui, gostei ;)


.

hoje, numa conversa de pai pra filha, durante um engarrafamento na estrada, eu ouço novamente uma frase sábia:" vai chegar o dia em que as coisas pelas quais você corre atrás hoje vão te cansar. não tenha pressa; elas virão".

eu sou mesmo muito impaciente.

tks, pá ;)

19.7.10

recife, 21 de junho de 2010


há algo de mais bonito nas manhãs do nordeste. todas as vezes que acordo por essas bandas, me pego encantada com o ouro do sol, inebriada com o cheiro úmido de dia e embevecida pela riqueza das cores que aqui, são mais vivas; mesmo as frias são mais quentes.
logo, sinto uma coisa boa, uma vontade de escrever infinitas páginas. nem sei exatamente o quê.
recife, em especial, sempre se apresentou a mim com aspectos diferentes e misteriosos.
é a terra de meu pai.
terra que existe muito nele até hoje. e muito dele existe nessa terra também. eu sei pouco disso tudo. mas sei que esse elo é inquebrável. e mesmo distantes, sinto os ecos desse elo profundo através de tudo o que desse pai existe em mim.
é engraçado, porque ando pelas ruas sem conhecê-las. observo e olho com os olhos muito abertos, ávidos por encontrar sei lá o quê.
eu sinto.
eu pertenço sem nunca ter vivido. é tão forte!

pela pequenina janela assisto essa terra ficar miúda como uma porção de brinquedos. fica tão pequena que cabe inteira sob meu olhar já saudoso. minhas visitas são sempre tão breves e esparsas.

o calor ainda está na pele.
quem sabe um dia...

chegou!


esta compra chegou!

ouvi umas quinhentas vezes num período de 24 horas.
pareço criança com brinquedo novo.

de quebra, chegou minha outra compra: este dvd.
muito entretenimento pelos próximos dias.

e minha felicidade não cabe.
AMO o barulho do caminhãozinho do ups ou do fedex se aproximando...
eles sempre me trazem muita alegria.
dessa vez estava tão feliz com a encomenda entregue, que larguei um "THANKS" tão forte e emocionado dentro de um sorriso tão aberto que acho que assustei o tio do caminhão..rs.

deixa!
eu tô feliz mesmo!
é tão bom quando algo que já espera-se ser bom ainda consegue surpreender....

14.7.10

comparando

tenho esse hábito:

das minhas obras prediletas, tenho inúmeras gravações. cada uma com um intérprete diferente. assim, dá pra ter uma visão ampla das possibilidades interpretativas, que são inúmeras.

hoje, estou postando o prelúdio n.5, op 23 em sol menor.
na realidade, o que sempre me atraiu nesse prelúdio foi a seção central dele, que é absolutamente romântica....a parte mais marcial sempre me soou como complemento, mas conforme fui ouvindo e entendendo a peça, tudo fez sentido e agora consigo apreciar as duas seções de forma equilibrada.

mas, estou postando duas interpretações: Valentina Lisitsa e Evgeny Kissin.

ela é ucraniana e ele russo.
tocar rachmaninov não é pra qualquer um. é romântico e viceral ao mesmo tempo. exige uma compreensão mais profunda do que foi o pós-romantismo e acima de tudo, quem foi rachmaninov, suas raizes, seu legado como pianista (ele mesmo foi um grande virtuose).
ela é do leste europeu e ele, da mesma nacionalidade que o compositor.
ambos possuem essa compreensão, mas de maneiras muito diferentes. nesses vídeos, os dois estão tocando essa obra como bis, depois de tocar concertos monumentais. existem uns errinhos, mas como diria Rubinstein "não devemos almejar a perfeição técnica; devemos almejar música". NESSE CASO, eu dou um desconto....rs!

vale a pena ouvir as duas interpretações.

ps: isso é meio óbvio, mas eu vou explicar - para visitar o site de ambos os pianistas, clique no nome de cada um. eu sempre faço isso, mas hoje quase desisti. quando entrei no site da valentina, me deparei com provavelmente o site mais BREGA de toda minha vida (layout). e quando entrei no dele, descobri que tem em um dos links, vc pode vê-lo RECITANDO POEMAS EM RUSSO!! realmente, a palavra falada não é o seu dom! eu me desanimaria se não soubesse quão exepcionais eles são! portanto, esqueça o site. leia a biografia e escute a música, que é o que interessa...hahaha...

ela (dando bis depois de tocar o 2º concerto de brahms)

ele (dando bis depois de tocar um concerto também de rachmaninov, em londres)



10.7.10

Ele pensou!

um sábado em casa é tão diferente.
tem uns cheiros inconfundíveis e o cardápio é sagrado.

fico sentada na cama, olhando pros retratos que tirei. e pareço entrar em cada moldura e reviver o exato momento do primeiro encontro com o lago do neuschwanstein; relembro a dor nos olhos provocada pelos reflexos dos raios de sol que reluziam nas bicicletas estacionadas numa ruela de leipzig; revivo ainda o momento de conteplação de uma estante de livros muito desordenada, todos caídos, fora de ordem. um crime aos meus olhos, mas a realidade de uma amiga universitária. essa cena, apesar de agressiva, me foi tão forte, que resolvi eternizar numa foto. revivo ainda outros momentos ao olhar pra uns porta-retratos vazios...e é isso, exatamente. olho, reticente.

estar em casa, recebendo esse dia de descanso e de lembrança é acolhedor.
eu relembro essa dádiva. e olho simultaneamente para esses momentos emoldurados com afeição.
então tenho a certeza de que o Senhor guia, e dá a memória pra nos deleitarmos com uma pequena porção do que já se foi ...

definitivamente, esse é um dia de alegria, de conversas, de família reunida.
mas pra mim, quando as luzes se apagam, é o dia de memória, de silêncios.

um evento quase raro.
estou em casa, no sábado.
quieta e feliz.

Ele certamente pensou nisso quando criou estas horas ;)



8.7.10

hoje, em campos do jordão


acontece todo ano, no mês de julho, o festival internacional de campos do jordão.
como o nome diz, é um festival de música internacionalmente renomado.
nunca participei. meu pai participou quando jovem, fazendo regência. fez até master class com o mito eleazar de carvalho....

nesse festival, toda noite tem concerto. durate o mês todo.

e o de hoje é esse!

tô perdendo.
meu coração dói, verdade!

.



eu fiquei genuinamente mais feliz depois dele.

me ganhou.

ele conseguiu. me ganhou assim, de graça!
já postei há uns dias atrás que havia comprado um dvd e um livro do alfred brendel pelo amazon.
pois bem. essas compras chegaram, e eu já estou me deliciando. mas não tem nem outra palavra pra usar. é deliciando mesmo!

este post pode estar infestado de redundâncias, mas não ligo.
repito: eu amo schubert. e brendel o toca como ninguém. é a especialidade dele.
tem uma compreensão absurda do fraseado de um compositor que pertence `a ala dos pioneiros do romantismo. um início romântico quase clássico.

e schubert tem 4 impromptus Op. 90.
agora vou contar-lhes um relato pessoal.
meu preferido é o primeiro (pelo menos era) que é bastante desconhecido até.
em segundo lugar, vinha o quarto. maravilhoso, introspectivo, meio tristonho. lindo.
o segundo, eu sempre achei água com açúcar. é bonito também, mas parece que é mais uma ponte que liga o primeiro ao terceiro. não é uma obra prima na minha humilde opinião. mas no compêndio dos quarto impromptus, ele é necessário.
por fim, o terceiro. confesso que nunca havia ouvido direito. preconceito talvez. isso é vergonhoso, mas na primeira vez que me propus a ouvi-lo, durante os 30 primeiros segundos, já achei muito melancólico, apelativo. pulei pro quarto, que eu já amava a tempos. e assim fiquei, por um bom período.

.....até eu assistir meu dvd novo.
tudo mudou, e brendel me ganhou.

me ganhou pra ele mesmo, e me ganhou pra o terceiro impromptu, que agora disputa meu favoritismo com o primeiro.
e música é assim mesmo; cresce e te encontra de uns jeitos inusitados.

me toca profundamente, toda vez que assisto.



6.7.10

lorena, amiga da laura morena.




Enfim, depois de tanto erro passado

Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...

(soneto do amigo, vinícius de moraes)




faz 8 anos.
e eu a amo mais do que nunca ;)

5.7.10

o quarto.


havia muitas persianas na casa bege. todas igualmente incolores e discretas. mas o último quarto do corredor `a esquerda, apesar de ser todo branco, tinha uma persiana verde-água, que quando fechada , sob os reflexos do sol, dava ao aposento um aspecto marítimo, aquoso. o tapete era verde também.
mas por alguma razão, nunca gostou daquele quarto. desde a primeira vez que pousou seus olhos sobre a porta, não se dispôs a habitá-lo.
gostou do aposento vizinho. a cama possuía um lugar estratégico, ao lado da janela, de modo que ao amanhecer, acordaria vislumbrando a bela paisagem ornada com umas tantas espécies de folhigens com o sol nascente de constraste, obrigando-a a abrir os olhos sonolentos. esse seria o quarto perfeito! além do mais, a porta tinha tranca. o quarto verde não tinha janela estratégica nem tranca na porta.
tanto desdenhou que conseguiu o quarto escolhido. não demorou muito, pintou as paredes de dois tons de roxo, afim de deixá-lo ainda mais parecido consigo. mas como aquela moradia era para si inconstante e esporádica, ausentou-se por um tempo. ficou distante e o quarto amado esvaziou.
e durante esse exílio, sentiu saudade das manhãs ensolaradas, das venezianas brancas e das paredes roxas. deu-se por orgulhosa ao constatar que tinha feito a escolha acertada.
foi tão longo seu sumiço que quando voltou, o quarto que tanto almejara já tinha novos hóspedes. apesar da tremenda frustração, não deixou-se abalar, pelo fato de saber que eram meros hóspedes e não moradores.
sendo assim, restou-lhe o quarto rejeitado: aquele das persianas verde-água. o quarto não abrigava, não tinha aspecto de refúgio ou aconchego. não tinha espaço para seus pertences. não tinha cama. mas o pobre aposento parecia admitir sua limitação. diante desta humildade, ela aceitou fazer uma experiência, nem que fosse por pouco tempo e ainda que possuísse um espírito cheio de preconceito.
até que não foi tão mal. apesar dos pesares, o quarto rejeitado era silencioso e suficientemente iluminado para suas leituras.
mas ser bom apenas não bastava. quando transitava pela casa durante o dia, parava em frente ao quarto roxo, com um suspiro saudoso, um olhar ciumento e uma feição de posse. aquele sim lhe pertencia. era aquele que havia escolhido e haveria de morrer brigando por ele.
voltou ao quarto branco, fechou a porta sem tranca e resolveu escrever em tom de revolta, ao som da chuva que escorria. por um instante percebeu aquele ambiente lhe privava os ouvidos de todo ruído e balbúrdia que aconteciam na casa. só escapava o barulho das gotas pontiagudas da chuva.
um sentimento de pena misturado com culpa apoderou-se dela, ao perceber sua negligência para com os esforços do quarto que tentava agradá-la, e voltando seu amor para o quarto ocupado.
dali então, não mais desdenhou o quarto branco sem tranca. e nem mais o denominou assim.
esse era agora, o quarto verde, do silêncio bom.

decidiu que viveria ali, sem maiores ansiedades, até que seu prometido vagasse.
e foi feliz assim.

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quarto é que nem gente. relacionar-se com eles é no mínimo, interessante ;)

2.7.10

GC 2010

essa é uma sexta-feira mais rica.

os meses de horas mal dormidas, fins de semana abarrotados de atividades, viagens, trabalho e exaustão mental se seguem e se seguirão. esse é o curso natural da vida (pelo menos da minha e dos que me cercam). mas o sábado sempre surge como um detentor daquilo que parece ser correnteza bravia, indomável.

as vezes, desfruto dessas horas sozinha, com o dono desse dia; observando as pessoas vivendo as horas sagradas como se não o fossem. as vezes experimento o sábado rodeada de amor, de cheiros e texturas familiares, de uma atmosfera absolutamente acolhedora.

a singularidade do sábado de hoje está na raridade com que ocorre: gente de tantos cantos, tantas faces, tantas terras, tantas línguas. gente de custumes divergentes e de crenças iguais. gente em quantidade, em massa.

basta o sol esconder-se no horizonte e toda essa gente debanda de suas singularidades e diferenças para unir-se num jeito único de degustar essas horas. os idiomas podem diferir no som e na pronúncia, mas é certo que a peculiaridade dessa mistura é música singular aos ouvidos do Criador, que escuta maravilhado o louvor dessa gente cantando.

é bom ser uma no meio de tantos e saber que os prazeres reservados a estas horas sagradas são igualmente experimentados por cada um na multidão do povo que adora.

feliz sábado, diretamente da conferência geral 2010 ;)

para ler e reler

já dediquei um post inteiro pra magda tagliaferro aqui no blog.
ontem, relendo sua autobiografia, resolvi que iria compartilhar aqui algumas de suas sábias palavras, porque me tocaram como se fosse a primeira vez que eu as lesse.
cada frase é impressionante e esse pequeno trecho transborda verdades. quem faz música, sabe!

"A fragilidade do intérprete é ser, apenas, um criador passageiro. Aprofundamo-nos em uma obra e depois de termos penetrado no pensamento do autor nós a fazemos nossa; com todo o nosso coração e toda a nossa alma, damos-lhe o que temos de melhor e depois, pobres de nós, desaparecemos.
Somos recriadores, na verdade, mas recriadores fugazes. E, no entanto, que prodigiosa responsabilidade a nossa! Os autores são tributários do nosso talento ou da nossa inaptidão. É de nós que depende, quase exclusivamente, a vida ou a morte de uma obra...Certas execuções são capitais. Pode-se ser preso por bem menos que isso (...) O drama do autor é, portanto , o intérprete. Notas impressas sobre um papel são apenas hieróglifos, se não as fizermos viver como devem. As palavras têm o seu significado próprio, mas é tão fácil desviar-lhe o espírito! Basta uma entonação falsa, uma vírgula mal colocada, uma respiração supressa para que tudo tome um caráter diferente ou fiquei totalmente perdido. Na música, não é diferente (...)"