10.12.12

e se houver?

li o livro de uma fulana, e pensei nessa avalanche de manifestações artísticas nascendo, surgindo a todo segundo, de todos os cantos...
conversei com outro fulano a respeito, e falei dessa coisa de escrever, de mostrar o que foi escrito, compartilhar. ele atestou: "não há nada de errado em publicar, contanto que haja algo a ser dito"...
pensei, pensei em todo o resto, e cheguei `a triste conclusão que esse nem sempre é o caso.

tanta gente querendo um lugar ao sol em nome da arte.
será que há tanto a se compartilhar? será que realmente há algo a ser dito?
a minha impressão, por vezes, é que o mundo está cheio de vaidade andando por aí disfarçada de generosidade... abrir a alma oculta e colorida de artista é claramente um ato de coragem.
`as vezes, nem sei se é o certo faze-lo por inteiro; mas há um sentimento de culpa em faze-lo pela metade...
são poucos os que genuinamente desejam ser levados a enxergar mais detalhes do mundo, da existência e da própria alma e de absorver o que se oferece. a esses, vale uma vida cantar, falar e derramar o que é tão guardado.
seriam as minhas palavras um barco diferente no infinito de embarcações que espalham a arte?
dificilmente...
é por isso que é tão árduo.
é cansativo equilibrar a praticidade e a vontade de viver enxergando e experimentando as coisas que vão além daquilo que é apenas necessário `a sobrevivência.
o corpo tem vida, precisa de alimento.
a alma também funciona assim... e por que alimentá-la é tão confuso, até mal interpretado?
o relógio corre levando a única vida que temos nessa terra...e ela passa assim, com tanta rapidez, que se não houver um certo cuidado, é quase imperceptível.

o que oferecer?
e mesmo que haja algo a se dizer, como faze-lo compreender?
tanta cegueira, e tanto cego guiando cego.
o silêncio é sempre mais fácil, mas se fosse assim, o mundo seria quieto, cheio de cabeças pensantes e bocas fechadas.
é sim, um bom impasse.
ver demais, ver de menos...
será que um par de óculos resolve?

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