juventude

o mundo é cheio dessas construções monumentais, dessas combinações opulentas. uma mistura de velho com novo, sabor, cor. tem cantos feios, de agredir os olhos de quem vê...

tanto lugar, tanta terra, tanto mar.

em cada pedaço de solo tem gente, tem beleza, tem morte, tem criança, sol, inocência, céu, noite, briga, casa, mato, estrada, afeto, portão, pobreza, família, música, traição, terra, drama, sorriso...

a gente só vê o nosso, e talvez o que apareça na primeira página do jornal ou nas mini-telas que os pós-modernos orgulhosamente acomodam no bolso.

tem tanto acontecendo...

e o mundo, tão pequeno, é grande pra quem é ainda menor.

esse medo de confrontar as mesmas temáticas em outro clima ou outra língua... blé! 

dá e passa. o espelho faz bem de quando em quando. mas é também saudável mudar de espelho às vezes!

essa jornada da vida, a longo prazo, não tem forma se não se arrisca.

a maioria dos que descobrem isso ou arriscaram ou refletiram tarde demais, depois do tédio de viver no azul claro do mar calmo.

Ele promete a paz, mas não antes da tormenta.

se é assim, que seja bravia, iluminada por raios e trovões que rasgam o céu muito negro no breu da noite.

o dia seguinte nascerá, porque de fato, a natureza tem suas leis: norte ou sul, são pontuais, mas opostas.

não dá pra viver imaginando aqui do leste como será a aurora do oeste...

é inadmissível fazer uso de um par de binóculos frente à maresia, o aroma do sal e da areia, e o arrebatamento das ondas, que dançam e fazem dançar...
como é triste testemunhar a cegueira. e sendo jovem, reconheço que ela é, curiosamente, um traço característico dessa fase, no sentido mais profundo e antagônico que a palavra possa abranger...

é preciso ver.
disso, lá na quietude escura da velhice, ninguém se arrepende.
é geralmente nessa fase da vida que compreende-se o valor do que se viu.
mas aí, é só lembrança (ou amargura)...

é quase uma filosofia, um jeito de viver.
apesar de ser íntima dos escritos, entre ver e ler, eu vejo sem nem repensar!
porque a hora é essa, e ela passa, como todo o resto...