21.7.10

os maias


eça de queirós tem parte do meu coração com ele.
é meu português favorito.
a riqueza de suas descrições realmente consegue me algemar e não conseguir para de ler.

ele era esperto. contemporâneo de machado, já dizia "machado tem as melhores idéias; eu escrevo como ninguém". verdade!

de seus romances, os maias é meu favorito. a maestria com que foi escrito é para mim, um mistério. as vezes, me pego meditando nesse mistério sozinha, com meus pensamentos.
o primeiro parágrafo do livro já me convidou, desde a primeira leitura ( e para mim, primeiros parágrafos são cruciais. definem minha avidez pela obra).

A casa que os Maias vieram habitar em Lisboa, no outono de 1875, era conhecida na vizinhança da rua de S. Francisco de Paula, e em todo o bairro das Janelas Verdes, pela casa do Ramalhete ou simplesmente o Ramalhete. Apesar deste fresco nome de vivenda campestre, o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de Residência Eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da Sr.ª D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo assimilar-se-ia a um Colégio de Jesuítas. O nome de Ramalhete provinha de certo dum revestimento quadrado de azulejos fazendo painel no lugar heráldico do Escudo de Armas, que nunca chegara a ser colocado, e representando um grande ramo de girassóis atado por uma fita onde se distinguiam letras e números duma data.

a história do romance é tão dramática e até controversa. mas a pena de eça sempre me encanta.
para ler e reler.

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