edu estava lá na frente, lá no palco. cercado de gente genial, de música inexplicável, imbuído da sua própria contribuição. acho que mencionei esta noite aqui (antes) e aqui (depois).
eu na cadeira, com contorções internas, um sorriso de rasgar as bochechas, música após música.
pegou o microfone, e antes de cantar essa canção, completou: "eu nunca mais deveria cantar essa música depois da gravação do milton...."
e com um suspiro conformado, cantou. e que cante o quanto quiser. ele tem esse direito. ele pensou a canção primeiro.
mas estava coberto de razão em sua frase; em reconhecer que ele pode ter escrito e imaginado, mas quem canta é o milton...
fica aí, um pedaço de beleza pra o começo desse dia cinza - bonito.
ps: o vídeo é breguérrimo. fecha os olhos e ouve, que é melhor :)
"estas memórias ou lembranças são intermitentes e, por momentos, me escapam porque a vida é exatamente assim. a intermitência do sonho nos permite suportar os dias de trabalho.
muitas das minhas lembranças se toldaram ao evocá-las, viraram pó como um cristal irremediavelmente ferido.
as memórias do memorialista não são as memórias do poeta. aquele viveu talvez menos, porém fotografou muito mais e nos diverte com a perfeição dos detalhes; este nos entrega uma galeria de fantasmas sacudidos pelo fogo e a sombra de sua época.
talvez não tenha vivido em mim mesmo, talvez tenha vivido a vida dos outros.
do que deixei escrito nessas páginas se desprenderão sempre - como nos arvoredos de outono e como no tempo das vinhas - as folhas amarelas que vão morrer e as uvas que reviverão no vinho sagrado.
minha vida é uma vida feita de todas as vidas: as vidas do poeta."
dia 7 de abril, na lojinha da sala são paulo, lmmc com um tom exasperado:
"moça, já chegou o disco novo do nelson freire? eu sei que ele saiu dia 4 de abril, mas vim aqui ontem (dia 6), e perguntei, mas não tinha chegado...."
ela responde: "o disco em que ele toca liszt?"....eu digo: "S-I-M"..
com um sorriso de satisfação, ela estica o braço, e me apresenta o disco dizendo: "chegou na loja três horas atrás."
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esse é o tipo de compra que nem pergunta-se o preço.
e agora eu estou aqui, ouvindo e ouvindo.
não sei se já comentei aqui no blog, mas sempre que compro um disco que quero MUITO, não ouço tudo no primeiro mês. ouço o disco basicamente todos os dias, mas um pouco de cada vez.
é muita coisa pra digerir.
eu ainda não consegui ouvir esse disco inteiro.
estou na faixa 5: au lac de wallenstadt, S160/2.
o disco tem 12 faixas.
como o disco é muito novo, ainda não tem a versão do nelson tocando isso no youtube.
mas a minha vontade de compartilhar é tanta, que coloquei aqui a versão dessa obra sob a interpretação de leslie howard, pianista australiano e autoridade em liszt ( o pobrezinho resolveu gravar a obra completa de liszt para piano.....pobrezinho!)
enfim, é uma coisa linda, linda! e com o lirismo do nelson, ai!
pra você que ouve essa peça pela primeira vez, eu prometo que assim que sair a versão do nelson, eu posto aqui!
A-D-O-R-O os emails de novidades do prêmio nobel. recebo um por mês.
o último que recebi foi especialmente interessante, primeiramente porque fiquei sabendo que dia 23 de abril (1 dia antes do meu aniversário) é o dia internacional do livro (data estabelecida pela UNESCO em 1995). desta forma, neste mês, a equipe do prêmio nobel resolveu prestar tributo aos vencedores do troféu na área da literatura.
esse foi o primeiro anúncio que li no email.
logo abaixo, vejo um outro título: "mahler symphonies are like novels".
essa frase é a essência da entrevista com o escritor mario vargas llosa (escritor peruano e laureado com o nobel de literatura em 2010), onde ele compara o processo de estruturação de seus livros ao processo de um compositor estruturando suas músicas e partituras.
esse foi o título de um email que meu pá me mandou ontem.
tanta beleza e tantas coisas ditas numa imagem só.
o retrato de um país bonito e quebrantado.
a minha conta bancária anda reclamando ultimamente das minhas extravagâncias musicais. assinatura de revista, concertos....
mas não tem como. não tem como mesmo!
keith jarrett no brasil!
sala são paulo.
o mago do improviso a 20 minutos da minha casa...
um ato monetariamente inconsequente, mas tem horas que a gente tem que simplesmente fazer, e não pensar muito (só as VEZES....rs).
o cansaço dos últimos dias tem me consumido, mas logo depois de comprar o ingresso, tudo ficou bonito de novo, fiquei sorrindo por minutos seguidos, mesmo que ninguém estivesse vendo.