semana atípica.
de paz e tormenta.
mas mais pra paz.
meu pianinho é que sabe, que vê.
e claro, Ele sabe, Ele vê, mais do que ninguém.
31.3.11
30.3.11
uma linda consolação
liszt pra mim é um mistério. acho que se eu o conhecesse, ia ser aquele tipo de gente que não se consegue decifrar, ler.
para a minha geração, só sobraram os livros e os relatos. tenho uma biografia dele que nunca li. talvez o ano de 2011, que é o bicentenário de seu nascimento seja uma era oportuna para esta leitura.
talvez.
nos tempos de faculdade, um colega de classe tocava esta consolação (a nº 5).
que coisa singela, simples e linda.
e linda.
quanta beleza conseguiam materializar e sonorizar, estes homens da música...
ps: esse áudio foi gravado de uma performance ao vivo do horowitz no carnegie hall, ny, dia 24 de abril de 1950; exatamente 38 anos antes do meu nascimento :)
ps: esse áudio foi gravado de uma performance ao vivo do horowitz no carnegie hall, ny, dia 24 de abril de 1950; exatamente 38 anos antes do meu nascimento :)
sobre as injustiças da vida
quase toda boa competição termina em injustiça. reforço a palavra "boa" porque ela indica a existência de bons competidores.
isso pode ser detectado quando a decisão pelo melhor é quase impossível.
esses dias estava lendo umas entrevistas, e li sobre ivo pogorelich , pianista nascido na antiga Iugoslávia.
nunca li muito e nem nunca mencionei nada sobre ele aqui no blog.
pois é.
ele é um desses pobres injustiçados, mas graças à essa dita "injustiça" ganhou seu lugar ao sol, ficou famoso internacionalmente e hoje, tem uma carreira consagrada.
qual a sua história?
bom, ele participou do concurso chopin no ano de 1980. já era um favorito porque já tinha uma coleção de troféus de 1º lugar de outros concursos de piano importantes. mas ele foi eliminado na terceira fase. essa eliminação gerou uma enorme controvérsia, e voltou os olhares do mundo erudito para o caso. martha argerich classificou-o como gênio e abandonou o júri do concurso em protesto.
assim, o pobre pogorelich ganhou atenção extra, dobrada.
e como prêmio de consolação, seu recital de estréia foi no carnegie hall, NY, no ano seguinte, 1981.
tadinho, né? daí em diante, só alegria...
eu fui verificar no youtube se havia vídeos do pogorelich de 1980, durante o concurso chopin. e encontrei esse vídeo.
sem exagero, e depois de ter assistido ALGUMAS MUITAS vezes pianistas maravilhosos tocando o scherzo n. 3, op. 39 de chopin, eu digo que NUNCA vi alguém tocar isso como pogorelich.
é a versão mais inovadora, mais diferente, mais ousada que já ouvi.
fui obrigada a concordar que tirá-lo do concurso foi no mínimo errado. se foi injutiça, loucura, já não posso dizer. mas foi errado.
vale a pena assistir!
é como bem dizem: há males que vem para o bem.
tudo bem que perder fere o orgulho de qualquer um, mas...
fica aí o consolo para leonora armellini, que participou do concurso chopin 2010 e também foi eliminada na terceira fase. ninguém entendeu. artigos e artigos foram escritos em protesto.
quem sabe sua sorte não se pareça com a de pogorelich? se sim, ótimo para ela :)
o próprio ingolf wunder, o favoritíssimo que ficou em 2º lugar no concurso chopin de 2010, já assinou contrato com a deutsche grammophon (a melhor gravadora erudita). nem yulianna avdeeva ( que ficou com o polêmico 1º lugar) conseguiu um contrato tão bom assim!
no dia da premiação, ingolf era pura amargura. agora só sorrisos...
o mundo dá muitas voltas!
pra finalizar, leonora armellini tocando um noturno de chopin. lindo, lindo.
que a derrota nos sirva de lição.
lidar com ela é talvez o maior desafio.
bonito isso:
bebida quente, livros. só faltou um piano pra essa foto atingir a perfeição.
o inverno está às portas :)
foto daqui.
24.3.11
a sonata das sonatas
é com M-U-I-T-A alegria que eu me sento agora para redigir este post.
aqueles que me conhecem sabem como eu fico feliz e intensa com umas coisas aparentemente "insignificantes".....
de qualquer maneira, eis o causo:
como postei alguns dias atrás, virei assinante da revista gramophone (fato mencionado neste post).
para o meu mais profundo contentamento, no exemplar de janeiro, encontrei uma matéria de 6 páginas sobre a última sonata de schubert, em si bemol maior, D. 960.
já abri um sorriso enorme, porque schubert, como já mencionei inúmeras vezes aqui no blog, é um dos meus compositores favoritos, e essa sonata em especial, é uma das minhas obras favoritas do gênero. é SUPER longa, mas é maravilhosa!
bom, no artigo, o autor bryce morrison analisa longamente os melhores intérpretes e as melhores gravações dessa sonata. ele fez um quadro interessante listando cronologicamente as melhores gravações da obra (à direita, são as gravadoras. à esquerda, os intérpretes e o ano da gravação).
note que alguns pianistas chegaram a gravar essa obra 3 VEZES em sua vida. isso é muita coisa!
abrindo um grande parênteses, preciso dizer que essa foi a primeira obra de schubert com a qual entrei em contato sob a interpretação do pianista willhem kempff. fiquei absolutamente encantada e desde então, ouço-a periodicamente. depois, ouvi a interpretação do brendel, da myra hess e de alguns outros pianistas dessa longa lista acima.
mas ainda hoje, a que mais ouço a versão do kempff.
fechado o parêntesis.
fechado o parêntesis.
durante o artigo, o autor faz uma LONGA análise das interpretações de CADA intérprete, e eu lendo avidamente, ansiosa, querendo saber qual seria a interpretação vencedora, a favorita, o "crème de la crème"....
no último parágrafo, ele diz o seguinte:
"at this level of achievement, that final choice becomes near-impossible, yet pressed till the pips squeak i would have to choose kempff. time and again i have returned over the years to this performance for an ultimate sense of poetry and disclosure. for an ultimate union with schubert's spirit. what schnabel is to beethoven, rubinstein to chopin, surely kempff is to schubert. more than any other pianist he reminds us (...) of the contrivance of spirit against death, the hope to overreach time by FORCE OF CREATION".
olha, depois de ler isso, eu fiquei numa felicidade, mas uma felicidade que eu nem sei descrever. foi um resultado super inesperado, sinceramente.
que sorte, que abençoada fui de ter ouvido primeiro, antes de todas as outras, a "melhor"versão. de fato, nunca encontrei outra melhor.
eu cheguei a dar de presente para o meu primo léo um disco com o brendel tocando essa obra, mas depois de ouvi-la, eu ainda preferi a versão do kempff.
eu cheguei a dar de presente para o meu primo léo um disco com o brendel tocando essa obra, mas depois de ouvi-la, eu ainda preferi a versão do kempff.
estou ouvindo-a agora.
somente uma obra de infinita poesia e profundidade pode fazer tantos intérpretes de renome mundial se curvarem e se debruçarem repetidas vezes sobre suas notas.
foi a última sonata escrita por schubert, 3 meses antes de sua morte. foi seu último suspiro musical, onde ele concentrou seu desespero, a ápice da beleza de sua criação, confessando musicalmente sua miserável condição de ser humano, vendo a morte acenar-lhe aos 31 anos de idade.
o homem vai e a obra fica.
kempff também já se foi, e sua arte ficou.
abaixo, o vídeo com sua célebre interpretação do primeiro movimento da sonata.
foi por isso que fiquei feliz. foi por isso! é tão mágico ser positivamente surpreendido pela intuição...
enjoy!
ps: eu já postei essa sonata aqui, mas com o brendel tocando. o kempff tá estreando aqui no blog com esse post :)
závod
o mundo passa rápido pela janela do automóvel que me leva ao trabalho. a vida passa lá fora voando. passa veloz do lado de dentro da janela também.
o sol tímido veio tentar alegrar meu dia que não começou bem, e que clamava por uma certa sonata, numa certa hora, para um certo consolo.
começou o outono. já vejo o inverno acenando; já me sinto esperançosa.
mas ele vem uma vez por ano só. é tão breve quanto o meu contentamento por encontrá-lo.
a gente corre, o tempo corre, o inverno corre.
corre de mim. vem e fica pouco.
as pessoas correm de nós. nós corremos delas e para elas.
o duelo entre a corrida pelas coisas ou pelas gentes é sempre desleal, injusto.
e eu me acostumei a correr. aceitei a velocidade das estações, a brevidade da permanência das pessoas, a furioso rítimo com que os sentimentos mais profundos precisam caminhar e o pouco tempo que gasto tentando me compreender.
cansa muito esse desespero por correr pra bem longe do que já se foi e então, direcionar essa marcha rápida para o sentido do que se acha que é o melhor para o próprio futuro, que pode estar longe ou perto, que é incerto...
que pressa perturbadora!
deixa.
seria melhor parar mais.
mas o jeito é correr junto. porque nada é mais triste do que ficar enquanto tudo se vai, se esvai.
é sempre essa correria.
23.3.11
22.3.11
mã
she's the true definition of self-giving for someone.
we're so different, and yet, i see myself in her in so many reactions, so many words.
being a mother is one of the most challenging tasks one can have.
and she nailed it.
i don't believe she turned herself into one. she was born a mom.
i just wish my kids come to the same conclusion i have when they're my age...
she's loved me before, she loves me now, and it's never ending.
and i love her just for being herself and for being mine!
;)
os meninos de viena
eu raramente posto coisas eruditas vocais.
geralmente, é instrumental.
mas ontem, durante uma aula sobre voz, esse vídeo surgiu na sala.
só pra cultura geral, o coro dos meninos de viena existe há quase 500 anos e é um dos símbolos da áustria. muitas personalidades do mundo musical erudito estiveram de alguma forma envolvidos com este coral. um exemplo é J. Haydn, que mesmo pertencendo ao coro da catedral de St. Stephen, já se apresentou com o coro dos meninos de viena. anos depois, Schubert começou a compor na época em que fazia parte desse coral, sempre tendo conflitos com seus maestros e professores, já que ele estava mais interessado em compor do que em cantar ... rs!
enfim, tenho apenas duas observações:
- schubert é absurdo, soberano (um dos meus compositores favoritos e a música do vídeo é dele)!
- esse vídeo nos prova que tudo é possível com crianças (nesse caso, com uma boa dose de talento, claro)! e é essa a razão de ser tão gratificante ensiná-las!
bom proveito e bom dia :)
ps: só avisando que a música só começa em 0:49....antes disso é uma entrevista em alemão, traduzida pro francês.
18.3.11
17.3.11
um luxo
se eu pudesse me dar o luxo de colecionar algo, escolheria colecionar canetas.
de preferência pretas, e sempre tinteiro.
de marcas e épocas variadas.
cheguei a essa conclusão hoje, depois que passei numa papelaria, comprei duas canetas sem nenhuma razão e saí com um sorriso de orelha a orelha.
eu gosto :)
16.3.11
já dizia o sábio artur schnabel...
"there is music that is always greater than it can be played"
....
pobres de nós, os músicos.
pobres e felizes.
faz sentido servir o inatingível, em todos os níveis.
ps: clique aqui para saber mais sobre schnabel, um monstro da música, do piano e das palavras; autoridade intelectual e interpretativa, sobretudo, nas obras de beethoven e schubert. ah, e ainda por cima, muso do alfred brendel.
15.3.11
home
durante uma aula com o jardim de infância, a ms. laura pergunta: "well, students, did you travel during carnival?"
um coreano fofo responde: "yes, i did, but i didn't go to my real home."
ms. laura, com uma ruga na testa, pergunta: "well, but you don't have to travel to go home. you live here, in são paulo."
o aluno responde:"no no, miss. my real home is in korea. i'm only in brazil because my father works here. but brazil is not home..."
......
me fez pensar.
ele tem 5 anos e sabe de onde veio; pra onde tem que voltar.
esse sentimento de pertencer já nasce na gente...
esse sentimento de pertencer já nasce na gente...
uma extravagância
bom, agora eu posso dizer de boca cheia que sou a mais nova ASSINANTE VIRTUAL da revista gramophone....rsrsrs!
hoje de manhã, estava dando uma olhadinha no site, vendo as novidades. percebi então, que existe a opção de ser um assinante virtual (já que a revista é inglesa).
olhei os exemplares desde o mês de novembro, e na edição de fevereiro em especial, que tem liszt como tema, eu não conseguia ler a matéria de capa porque não era assinante. e esse truque me pegou m-e-s-m-o.
assinei na hora!
que alegria, que alegria!
já li o exemplar de fevereiro quase todo!
agora é um ano de pura informação e mergulho nas novidades eruditas!!
não sei como não fiz isso antes...
:)
não sei como não fiz isso antes...
:)
ps: a edição da foto é a de abril, que faz um tributo à música de cinema. mais detalhes aqui.
7.3.11
"o triunfo da música"
minha mais nova aquisição.
passei na saraiva hoje e não resisti.
o subtítulo do livro: "a ascensão dos compositores, dos músicos e de sua arte."
foi escrito por tim blanning, professor de cambridge, especialista em história cultural. nessa obra, narrando as intempéries políticas e sociais da música ao longo de sua história, ele explica como a submissão e dependência que os músicos tinham do clero e da nobreza foram, lentamente, sendo substituídos pelo prestígio e poder das celebridades musicais da atualidade.
vou ler, depois conto....
mas a cara tá ótima :)
el secreto de sus ojos
e eu adoro quando nós dois assistimos filmes juntos e no fim, na hora dos créditos, ninguém diz nenhuma palavra, nem se olha. só tentando absorver a beleza de tudo o que foi visto. foi assim que foi.
do mesmo diretor de "el hijo de la novia" (filme que assisti também com meu irmão e cunhada e eles quase tiveram que pegar um balde pra dar conta das minhas lágrimas ... )
"el secreto de sus ojos" não tem um apelo emocional. mas é daqueles filmes profundos que incomodam o pensamento até depois que se deita na cama e o olho não fecha. sensibilidade incrível, fotografia impecável e as atuações.... sem comentários!
é a minha recomendação desse carnaval.
ah! esse filme ganhou oscar de melhor filme estrangeiro ano passado...
;)
2.3.11
a prova viva
já que ontem mencionei que o próximo disco do nelson freire vai ser dedicado às obras de liszt, fui dar uma olhadinha no youtube, e descobri um vídeo recente do nelson por lá. foi colocado agora em fevereiro.
e por coincidência, é um vídeo precioso dele tocando a sonata de liszt em B menor, em 1982. essa é a prova viva de que eu tenho MESMO que ficar ansiosa pelo seu novo disco.
eu tenho minhas teorias sobre as fases dos músicos que tem carreira muito longa.
essa certamente foi uma boa fase.
uma peça monumental, e absolutamente estonteante sob a interpretação do nelson freire, que faz liszt ser romântico de fato, e não dominador.
eu tenho uma certa resistência às interpretações tradicionais das obras pra piano de liszt. é tudo cheio de tanta pompa, de tanto poder, que a música acaba ficando de lado.
e é por isso que essa interpretação registrada nesse vídeo é tão singular. no meio de tantas notas, tanto virtuosismo, a música é soberana e imperativa. fora que tentar mencionar a singularidade do seu toque é total perda de tempo. nessa obra em especial, o toque desse homem é inexplicável!
para aqueles que têm preguiça de assistir tudo, trechos de chorar: 3:25 e 21:57 ..... claro que tudo faz sentido se a obra inteira é assistida, porque os climas são construídos e descontruídos...
acredite!
vale a pena.
1.3.11
nelson e liszt
esta está sendo oficialmente uma manhã de leituras excepcionais.
achei outro artigo que além de ótimo, é importante.
digo isso, porque nele descobri que o próximo disco do nelson freire vai ser dedicado a obras de liszt (lembrando que 2011 é o ano liszt; nada mais apropriado), e no repertório estarão obras como alguns dos estudos transcendentais e rapsódias húngaras, a segunda balada, as valsas esquecidas (com essa notícia fiquei particularmente feliz, porque já toquei a valsa esquecida n. 4, e é SUPER difícil encontrar uma boa gravação dela. só tenho uma do leif ove andsnes. nunca mais achei outra bacana! tive dificuldade inclusive de encontrar a partitura...) e o Soneto de Petrarca.
o disco até título tem: harmonies du soir (harmonias da noite), e o nelson geralmente não intitula seus discos!
nesse artigo também descobri que depois desse disco de liszt, talvez role um disco de música brasileira ( coisa que ele não faz desde a década de 70). também descobri que dentro dos próximos meses, nelson vai ser jurado do concurso tchaikovsky, em moscou....será que vai rolar uma cobertura aqui no blog?....rsrs!...não sei, não sei.
resumindo: "puxações de saco" à parte, a MUST read de novo.
leia-o aqui!
;)
a MUST read!
esse site da gramophone é realmente uma alegria aos músicos.
agora cedo, entrei pra ver as novidades e me deparei com esse texto absolutamente ótimo.
a começar pelo título: the message or the messenger? - does music reveal a musician's personality or a musician's personality reveal the music?
nem vou ficar comentando pra não estragar.
entre aqui e leia tudo.
vale a pena!
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