comprei esse disco há um ano.
esse e mais três.
era época corrida, fim de faculdade(s), programa de natal das crianças, turnê pelo norte se aproximando...
não ouvi.
nem esse, nem nenhum dos outros.
e o pior é que quando, nos esparsos momentos em que podia descansar e refletir, o pensamento de que os discos ainda estavam intocados me dava coceira nos dedos, nos ouvidos. a curiosidade me consumia...
fiquei sem ouvir até janeiro.
foi quando passamos uns dias em família lá naquela terra boa, a linda maragogi.
era tudo o que eu precisava. silêncio, sol, rede, praia...
mas o cansaço novamente me venceu e eu basicamente dormi.
sei que isso é uma vergonha, mas é a verdade.
voltamos de maragogi para recife de carro, meu pá e eu.
lembrei do disco.
mencionei todo o histórico, e o pá ficou curioso pra ouvir.
grande foi o meu erro ao introduzir o disco no aparelho de som do carro.
aparelhagem ruim, estrada esburacada e carro mil não combinam com as nuances de um piano trio.
e foi quando começou a guerra.
eu aumentava o volume para conseguir ouvir as partes suaves, e ele imediatamente abaixava o volume porque assim o som ficava distorcido nas partes fortes.
e agora? quem ganha?
um ano inteirinho esperando por esse momento, pra não conseguir ouvir direito?
não chegamos a um acordo.
a coisa ficou tão caótica a ponto de termos que parar num posto de gasolina no meio da estrada para discutir esse importantíssimo assunto que estava a nos perturbar: o volume do som (rs!).
depois de alguma reflexão, decidimos que o melhor seria deixar pra lá e ouvir o disco outra hora, talvez num local mais quieto, num som melhor.
obviamente, minha idignação foi imensa. mas pela saúde do relacionamento com meu querido pá, cedi.
a viagem procedeu com algum silêncio, mas logo as rádios pernambucanas já nos enchiam os ouvidos, seguidos dos comentários hilários do meu pá, que quando está no seu estado, perde as rédeas e fica com o sotaque mais carregado que existe (ele é pernambucano).
isso tudo foi em janeiro.
depois disso, não ouvi mais o disco.
cantei, viajei, trabalhei....
foi ontem que finalmente olhei para o disco e pensei: "chegou a hora".
após ouvi-lo sem interrupções e sem distrações, eu acabei concordando que aquela audição no carro realmente teria estragado o disco para sempre. por sorte, eu e meu pai, apesar de parecidos, divergimos nas opiniões e não chegamos a um consenso.
muita sorte!
eu ainda teria outro post inteiro pra dizer o que foi ouvir o disco, o que foi ler o encarte de 20 páginas (é um livreto).... mas acho que ainda não é hora.
franz schubert é meu favorito. sempre foi.
nunca consegui explicar o por quê.
um dia, assistindo uma entrevista com o violinista joshua bell, suas palavras falaram o que eu nunca consegui traduzir.
a pergunta foi pergunta "qual é o seu compositor favorito?", e a resposta: "beethoven e schubert. beethoven porque eu poderia ouvir tantas e tantas coisas que ele escreveu sem me cansar, mas acho que em primeiro lugar fica schubert, porque a sua música me toca internamente em lugares que nenhuma outra música consegue."
é exatamente essa a razão.
é, além de tantas outras coisas, algo físico.
morreu aos 31 anos, e nessa breve vida, escreveu músicas eternas...
no início desses escritos, eu mencionei ter comprado 4 discos ao todo.
espero não demorar mais 3 anos para conseguir ouvi-los por completo.
mas se assim for, paciência....
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