Joana anda solitária por calçadas nordestinas. A tarde cai, e os raios estirados de sol avermelhado invadem o lado esquerdo da ruela e todos os seus adendos. Ela anda em contraste com os nativos. Tem passos apressados, curtos e precisos.
A calmaria de Aracajú a impressiona a todo momento. As conversas são mais lentas, os fazeres, os dizeres, os abraços, os sorrisos e conseqüentemente, os passos. O ar é úmido e espesso e ela ainda lança mão de algum esforço para sorvê-lo. Os rostos que contempla são todos bronzeados, luminosos e marcados por umas experiências que Joana não descreve mas compreende. O falar é simples, arrastado, manso e incrivelmente alegre. As ruas de calçamento antigo abrigam prédios ainda anteriores ao pavimento, com paredes que aqui ou lá estão por ser refeitas, mas o esboço da arquitetura barroca é imutável. Ela se encanta. E a praia fluvial a contempla azul e sonora.
É quase noite de domingo e Joana andarilha silente, sentindo uma placidez de alma que desde os tempos de infante não sentia. Pensa uns escritos que logo fogem a memória recente e em seguida pensa outros versos, que novamente se vão com a brisa morna da noite que chega.
A vontade é pular no falso mar, molhar o corpo, bronzear a pele marcada e limpar os pensamentos antigos, velhos, guardados. Deixá-los lá; de vez e para sempre. Sentir o secar da água nos braços nus e fechar os olhos enquanto as últimas gotas escorrem pelo rosto impermeável. Sorrir um riso livre, cego , sem se preocupar com os expectadores. É desse banho que Joana precisa. E depois dessa breve contemplação e do encontro com o imaginário, Joana volta ás calçadas antigas, andando um andar barulhento, que ecoa na praça deserta.
A noite caiu. Os jardins parecem acordados e escondem os segredos da cidade velha. Assistem aos passos agora apressados. Ela tem um medo breve. Não absorve o que pensa e apenas corre.
Avista o hotel.
E de volta ao quarto refrigerado, volta a realidade sulista, que definitivamente, não a instiga a pensar e a sentir. Não importa. Joana ainda tem cinco dias. Sergipe ainda tem muito a oferecê-la.
E outros fins de tarde se repetirão.
Talvez o banho até aconteça.
lido.lindo.
ResponderExcluir:)
glauce
loreta...
ResponderExcluirli seus novos posts! to amando. vo te linkar.
:)
dani.
Sou de Aracaju e visito constantemente seu blog à procura de novidades.
ResponderExcluirQuando a página carregou fiquei surpreendido ao ver "sergipanas" no topo. Imediatamente despertou-me o interesse em ler o texto. Ao final fiquei contente em ver que minha pequena cidade te inspirou! =D
Foi um prazer tê-la aqui, Laura. Espero que sua volta seja o mais breve possível!
Abraços.
Rodrigo Coelho