28.8.09

2 dias depois do post "aflição"..





depois de tanta aflição ( como pode-se notar no post anterior a este), eu consegui o ingresso para o concerto do Nelson Freire. a noite era ainda mais especial pois se tratava da inauguração de um piano Steinway Concert Grand - D, que acabara de chegar da cidade de Hamburgo, Alemanha, onde foi fabricado. Aliás, foi o Nelson quem alertou a organização da casa a necessidade de agregar a onda de renovações um piano a altura. 
Mas, como já antes mencionei, quem inauguraria este piano seria a pianista portuguesa Maria João Pires. Como ela adoeceu, Nelson foi quem fez as honras.

E que honras! O programa foi:

Johann Sebastian Bach/Alexandrer Siloti - prelúdio para órgão em sol menor

Ludwig van Beethoven - sonata op.27 em dó sustenido menor "ao luar"
- adagio sostenuto
- allegretto
- presto agitato

Robert Schumann - papillons op.2

INTERVALO

Frederic Chopin - 2 noturnos op. 27 (n.1 em dó sustenido menor e n. 2 em ré bemol maior)
scherzo n. 1, op. 20 em si menor

Claude Debussy - 4 prelúdios (livro n. 1)
les collines d'anacapri
- la fille aux cheveux de lin
- la danse de puck
- ministrels

Heitor Villa-Lobos - Alma Brasileira
         Dança do Índio Branco


*    *    *    *    *    *    *    *    *    *

como descobri sobre este concerto em cima da hora, não deu tempo de avisar amigos e combinar um "get together"...por isso, já peço desculpas! mas a noite foi musicalmente inesquecível.

nest post, vão algumas fotos da noite, e os próximos são auto-explicativos.

25.8.09

aflição


acabo de descobrir que Nelson Freire vai dar um concerto no Teatro Municipal de São Paulo na próxima quinta-feira, dia 27 de agosto. Ele substituirá a pianista Maria João Pires, que não poderá comparecer por motivo de doença.

Só faltam 2 dias. E a agonia de não conseguir saber se ainda tem ingresso, com a maravilhosa internet do unasp????


........

24.8.09

kolia


um dia ela vai ser minha, e vai se chamar kolia.

um trecho


de quando em quando, pretendo postar alguns trechos retirados dos meus livros favoritos. neste primeiro, a poética tradução da alma do músico:


Clarissa - Érico Veríssimo, pp. 50



Amaro deixa o piano. As frases que compôs não o satisfazem. Não importa. Amanhã talvez

lhe venha uma boa onda de inspiração. Amanhã...

Vai de novo até a janela. A lua já subiu. No pátio da casa vizinha o muro caiado, ainda mais branco sob o luar, projeta no chão uma sombra longa. O rio parece de mercúrio. Os montes, longe, dentro da noite clara, têm um tom irreal. No pátio dormem sombras misteriosas. O tanque de lavar roupa, transbordante d’água, prende em seu espelho líquido o disco da lua. E a lua treme e se parte em cacos na água que a brisa encrespa.

Amaro contempla a noite longamente.

E fica ouvindo , deliciado, uma música suavíssima que ele não sabe se vem de dentro dele próprio ou se desce da lua...

Positivamente, quem tem razão é o contador do banco: “ O senhor é um lunático”

(...)


19.8.09

chuva


choveu a noite inteira. 
como gosto de dormir ouvindo a chuva cair.
no meio da noite, acordei algumas vezes e lembro vagamente do som da chuva caindo.
voltei a dormir feliz.
acordei hoje pela manhã, e ainda chovia.
choveu o dia todo. 
e a noite chegou novamente, e a chuva ainda cai trazendo com ela um ventinho frio, fino.

apesar do dia estar cinzento, eu gosto.
gosto do ar úmido, e das poças no caminho.
sei que parece estranho, mas simplismente gosto.

agora vou dormir, e ela ainda cai...
isso é sinal de sono bom!

até.

13.8.09

bálsamo de hoje

depois de um dia em que nada deu certo, eu me deparo com uma dessas gratas surpresas que a gente tem de vez em quando na internet.

já sou ouvinte assídua deste concerto há alguns meses, e tenho a gravação dele com o trio baremboim+pearlman+yo-yo ma. nada mal. mas este vídeo, postado em um dos blogs de música erudita que costumo frequentar, traz o mesmo concerto sob a interpretação de martha argerich (piano) e os irmãos Capuçon, que eu não conhecia até hoje.
sublime, e inevitável a comparação com a gravação que estava acostumada a ouvir. na realidade, as estrelas da obra são o violino e o cello, e neste quesito, itzak pearlman e yo-yo ma são imbatíveis. a escrita para o piano já tem aquele caráter típico do período clássico, e com daniel baremboim me soa ainda mais mecânico. a genialidade da martha ( que é quem toca neste vídeo que estou postando) está em tirar o máximo de música de uma peça que pode facilmente soar como um engenhoso emaranhado de notas.
meu trecho preferido: a partir de 5:47 min.
ah!....e a obra é o concerto triplo de beethoven, op. 56 ....eu tenho vontade de mudar de profissão quando lembro que a criatura compôs esta pérola em sua terceira fase. Ou seja : já estava completamente surdo!!!!!


enjoy it.

4+1+1


não existe nada como a segurança das velhas amizades, a quem sou declaradamente devotada.
a dinâmica dos relacionamentos demanda manutenção e cuidado. e eu preciso melhorar tanto!
mas depois que o quarto ficou vazio, depois dos diferentes continentes, depois das viagens fracassadas, depois dos emails atrasados e principalmente, depois da cruel rotina da distância, essas três continuam no meu porta retrato preferido.

6.8.09

triste fim de rico


Hoje, ao papear com uma amiga, relembrei um antigo cabelereiro. A lembrança a princípio foi ruim. Mas com o desenrolar da conversa, acabei por sentir pena, uma tristezinha pontiaguda, e logo mais apontarei as razões.

Rico foi, algum dia, o responsável pela aparência da célebre Elis Regina. Seus dias áureos foram preenchidos com a exuberância, o vigor e o caráter temperamental da estrela. Tamanho foi o impacto da Elis na vida do Rico, que ele não conseguiu desgarrar-se dessas memórias mesmo tanto tempo depois da morte dela.


Conheci essa figura há uns 3 anos. Confesso que minhas impressões não foram nada positivas em nosso primeiro encontro. Pelo contrário. Lembro-me, sem esforço de memória, que logo ao entrar no salão, percebi que ele tentava lavar o chão, cometendo apenas o pecado de não varrer primeiro os cabelos cortados. A água com as madeixas formava uma pasta cabeluda e nojenta. Já torci o nariz. Interessante que essa imagem em nada combinava com a propaganda que me haviam feito do estabelecimento. Continuei a observar: a tonalidade geral era acinzentada, talvez por ser uma boa mistura da fumaça dos mil cigarros que ele fumava com o ocre das paredes envelhecidas. As almofadas encardidas e de uma fazenda de estampa escura completavam o aspecto lúgubre. Mas no centro, pendurada na maior parede, tinha uma grande foto dela, a sua musa, talvez a imagem que ainda o mantesse vivo: Elis.


Eu, por um momento, me arrependi de ter entrado no recinto e estava reavaliando se ainda deveria estar ali, parada, com uma expressão de espanto. Mas esse meu pensamento foi lento, muito lento. Rico me surpreendeu com um cumprimento, sem que eu nem notasse que ele se aproximara.


A sua imagem combinava com o resto do cenário. Nada mais coerente. Não era alto, e certamente estava subnutrido. As olheira profundas e os dentes escurecidos faziam contraste com o cabelo comprido e descolorido. Sinceramente, amedrontador. Mas ele foi gentil. É claro que gentileza não é o suficiente nessas horas, mas eu estava tão atônita e sem acreditar que estava imersa naquela situação, que andei pela sala em movimentos robóticos; e obedecendo a indicação do Rico, sentei-me na cadeira preta.


Quanto arrependimento. O leitor deve estar dizendo um "bem feito" pra mim. Depois e toda esta descrição, somente alguém com alguns parafusos a menos sentaria naquela cadeira e deixaria as próprias madeixas a mercê de um sujeito e num lugar como esse. Eu queria uma escova. Uma simples escova. Mas ao final dos 45 minutos mais longos e literalmente dolorosos da minha vida, eu saí pronta para ser confundida com um leão na rua. E Rico não me cobrou barato, o atrevido!!


Saí do salão (se é que pode-se chamar aquilo de salão) bufando. Não sabia medir se sentia maior raiva daquele que me indicou o lugar (melhor dizendo, daqueles. Impressionantemente, mais de uma pessoa me indicou a espelunca. Diziam que era feinho, mas que os resultados valiam a pena) ou de mim mesma, que após todos os mais claros sinais, prossegui.


Depois dessa experiência traumática, fiquei dias tentando evitar a lembrança deste dia. Somente depois de semanas, é que eu pude separar um pouco o Rico - torturador do Rico - ser humano. Ele só falava nela. Seus olhos brilhavam ao lembrar-se de sua beleza, de sua voz e um sorriso se esboçava toda vez que mencionava como Elis era cheia de vontades, temperamental.


Alguns meses depois, soube que Rico morreu. Assassinado. E então eu senti uma tristeza imensa. Primeiro, não entendi essa minha tristeza, se eu o havia odiado tanto. Mas depois entendi. Morreu ali alguém sem esperança, sem estímulo, sem horizontes. Morreu no anonimato, sozinho.


E eu passei pela vida desse homem, percebi toda a tragédia e não fiz nada a respeito. Saí com raiva e prometi a mim mesma que jamais voltaria a vê-lo. E de fato, não verei. O tempo já passou e lembrar dessa experiência em nada adianta. Mas me fez refletir sobre meus impulsos, minhas reações. Talvez eu pudesse ter falado mais, talvez eu pudesse ignorar o fato de que ele podia ser tudo, menos cabelereiro. Talvez eu pudesse ter alegrado aquele dia, mesmo que a tristeza voltasse a noite.


Talvez...

2.8.09

sopra o vento do norte

já dizia vianne, em chocolat:  "quando sopra o vento do norte, é hora de partir". dentro de 3 horas, de volta para o brasil. bagagens intermináveis, memórias preciosas e saudade, muita saudade ...

duo


mensagem musical de sexta a noite no mission institute.