de quando em quando, pretendo postar alguns trechos retirados dos meus livros favoritos. neste primeiro, a poética tradução da alma do músico:
Clarissa - Érico Veríssimo, pp. 50
Amaro deixa o piano. As frases que compôs não o satisfazem. Não importa. Amanhã talvez
lhe venha uma boa onda de inspiração. Amanhã...
Vai de novo até a janela. A lua já subiu. No pátio da casa vizinha o muro caiado, ainda mais branco sob o luar, projeta no chão uma sombra longa. O rio parece de mercúrio. Os montes, longe, dentro da noite clara, têm um tom irreal. No pátio dormem sombras misteriosas. O tanque de lavar roupa, transbordante d’água, prende em seu espelho líquido o disco da lua. E a lua treme e se parte em cacos na água que a brisa encrespa.
Amaro contempla a noite longamente.
E fica ouvindo , deliciado, uma música suavíssima que ele não sabe se vem de dentro dele próprio ou se desce da lua...
Positivamente, quem tem razão é o contador do banco: “ O senhor é um lunático”
(...)
Oh boy... foi o que eu disse ao começar a ler este post (resolvi ler os arquivos hoje, estou "pegando leve" ao me recuperar de uma virose gastro-intestinal). Este TAMBÉM é (ou costumava ser, não o releio há anos, mas tenho um aqui comigo, bem como as 2 continuações) um dos meus livros favoritos. como eu sempre falo pro seu primo André, it looks like we're kindred spirits...
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