16.8.12

gracinha sem graça

maestro e pianista combinam que vão tocar o concerto para piano e orquestra x.
secretamente, o maestro escolhe a obra y, mas prefere não revelar essa mudança à pianista, até a hora da apresentação.

ouvi essa história e pensei: "isso é uma piada, é anti-profissional! ninguém faria uma maldade dessas."
pois acredite ou não, aconteceu!

eis a real história:

riccardo chailly, famisíssimo maestro italiano iria executar um dos concertos para piano e orquestra de mozart com a maravilhosa pianista portuguesa maria joão pires. ensaiaram, fizeram ajustes, tudo lindo.

mas a peça que ele realmente planejava executar era especificamente o concerto em ré menor de mozart. de acordo com o próprio maestro, já na introdução, esse concerto tem um caráter de desespero, de desolação, de solidão...
e ele queria criar este clima na hora da execução do concerto afim de que isso se refletisse na música, e a sua interpretação real ficasse mais próxima do que ela é musicalmente, na partitura.

o que ele fez? não avisou a pobrezinha da maria joão pires que o concerto que ela tocaria naquela noite em amsterdam seria o em ré menor. nada melhor do que isso para criar uma atmosfera de PROFUNDO desespero, desolação para a pobre pianista.
e quando foi que ela descobriu isso? simplesmente na hora que ele baixou o braço, e começou a reger a peça, com toda a platéia assistindo.

esse vídeo está em inglês e mostra essa história! vale M-U-I-T-O a pena assistir só pra ver a cara de desespero, de angústia da pianista....
mas ela é tão genial, que durante a introdução orquestral, parece que consegue começar a organizar seus pensamentos em meio ao caos emocional... e toca lindamente, sem nenhuma nota esbarrar.
ela ainda troca umas palavras com o maestro sem entender o que está acontecendo, e ele quase se divertindo, tenta acalmá-la.

a música estava nela, e ele sabia disso.
tocou lindo, foi brilhante.... e realmente, acho que essa peça nunca foi tão bem representada quando nessa situação.

agora, que eu enforcaria, afogaria, ou faria qualquer outra coisa letal ao maestro ASSIM que o concerto acabasse, isso eu faria....rs! 

brincadeira, isso foi só uma brincadeira. 

talvez eu somente quebrasse a sua batuta.
certamente ele tem outras tantas...
ah! e eu choraria.
choraria muitíssimo... hehehe!

foi bonito de todo o jeito, mas que brincadeirinha de mau gosto.
minhas mãos estão até agora suadas, de tanto nervoso pela pobre maria joão pires, que é tão brilhante, tão submissa à música que faz...

confie em mim: vale a pena assistir!!

6 comentários:

  1. eu ri muito lendo esse post! HAHAHAHAHA não por zombaria, claro, mas pelo fato absurdamente assustador e genial ao mesmo tempo! a expressão corporal dela de nervosismo e incredulidade, de desespero, realmente, foi chocante! rs fiquei fascinado!!! pena que o vídeo não mostrou o concerto completo, mas vou pesquisar por ele.

    nossa, ainda estou espantado de forma positiva! ou encantado... sei lá como descrever isso! rs

    beijos, Laura.

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  2. Experiência sombria mas ao mesmo tempo reveladora da capacidade de exprimir de alguém aquilo que a música estava pedindo. Obrigado por compartilhar. Abrs

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  3. pouca coisa eu vi que fosse tão maquiavelicamente eficiente!!!!

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  4. A PEÇA REALMENTE EXECUTADA FOI o concerto em ré menor de mozart. MAS QUAL A PEÇA QUE ELA ENSAIOU??? historia maravilhosa.. mta confiança do maestro na pianista!!! srsrsr

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  5. Eu não ri não, fiquei foi com MUITA pena dela coitada !
    Que maléfico isso viu! Realmente depois do concerto iria ter uma boa de uma conversa com o danado! hahahah

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  6. Q dó, aprendi a não confiar em maestros a parti de hoje ^^, eu entraria em pânico (como sempre o faço) sairia do palco e me afogaria em um copo de água HSUAHSUA', Amei e fiquei piedoso com ela, só vc mesmo Laura pra achar umas histórias dessas.

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