28.2.12

concerto #2, colgate university: duo assad


na cólera do fim do concerto, fiz promessas de um post completo postando um fajuto, e viajei para o brasil.
demorei mais do que gostaria, mas cá estou.

já havia deitado e fechado meus olhos muito graúdos e vermelhos de sono.
mas ao novamente ouvir algumas canções, algo se ascendeu no meu coração e eu senti que a hora de postar sobre esse concerto era essa.

pois bem:

foi uma noite mergulhada no mundo do violão.
o concerto aconteceu em hamilton, ny, na universidade de colgate.
olhando no google maps, percebi que essa cidade fica quase no canadá, mais ao norte do que boston.
o pá tinha alguns compromissos em nyc e em princípio, achou inviável irmos até hamilton. mas depois de ouvir um disco dos violonistas, ele se convenceu sem nem precisar dos meus argumentos.
a música falou por mim.

mã, pá e eu atravessamos o frio do norte dos estados unidos e ao cair da noite, chegamos a universidade. conforme o anúncio, sabíamos que o concerto seria na memorial chapel. fomos direto pra lá, e como chegamos com alguma antecedência, estava acontecendo um ensaio de coral.
esperei, esperei, andei de um lado para o outro. o pá tranquilo, veterano de internatos, foi jantar no refeitório com a mã, e eu em vigília em frente a porta da capela.
a essa hora, a entrada ainda não era permitida, mas como os assentos não eram marcados, eu não podia me dar o luxo de NÃO sentar na primeira fileira!


chegou a hora e o público começou se aglomerar em frente à porta do salão. daqui de fora eu ouvi e vi os dois sentando-se calmamente, aquecendo os dedos.
o coração na boca!
eu precisava do assento!!!!

pouco depois, desapareceram e abriram-se as portas.
andei devagar até a primeira fileira com o sangue a fervilhar até conseguir sentar onde queria.

silêncio sepulcral.
o opulento órgão de tubo dava à sala um ar reverente, quase celestial.


lá do fundo, irrompeu um par de palmas que rapidamente se esparramou pelo auditório.
à passos lentos e despretenciosos, sérgio e odair assad ocuparam o palco.


e o resto é só música.
isso, é impossível relatar.
é preciso estar, ver, ouvir.
eu jamais me proponho a descrever minhas impressões musicais dos concertos que vou, pois sempre me soam pálidas perto do que vivi.

durante o concerto, eu não acreditava que testemunhava um momento daquele sem ter pago um centavo por um ingresso.
tudo em prol dos músicos em formação, das boas referências.

saí flutuando.
foi quando li no programa impresso que a universidade ofereceria um lanche a todo o público no andar debaixo da sala de concertos, e que todos estavam convidados. isto também seria gratuito.
e o cardápio era customizado!! olha o capricho desses biscoitinhos (que eu nem provei, porque numa situação dessas, a fome passa longe!):


no fim das contas, os irmãos assad apareceram pra comer um pouquinho, conversar com a galera...
que experiência.
claro que eu fui atrás de uma foto.
claro que cheguei falando em português.
e pra minha surpresa, o sérgio assad olhou pra mim e pro meu pai dizendo: "vocês são patrícios né? nós somos meio parentes, não?"

isso tudo por causa da nossa cara de turcos (os violonistas fazem parte da 3ª geração dessa família libanesa no brasil).
eu tive que desapontá-lo dizendo que, na realidade, nossa ascendência é judaica.
ele respondeu: "ah, somos todos hermanos! eu sabia que vocês eram daquelas terras"...

e assim foi...
meu pai comprou TODOS os produtos a disposição naquela noite.
total: 7 cds, 1 dvd.
queria que eles autografassem todos!!!!
ó, céus!! se não sou eu...
autografaram 3, e ele ainda reclamou comigo....rs!
foi de bom tamanho.



como sempre, saí dali com um aperto bom no coração, com a certeza de que nada seria igual.
com a precisão técnica de dois músicos incomparáveis e com o "sabor" brasileiro para o qual todos gringos se curvam...
que orgulho, que coisa linda de se presenciar!


abaixo, uma amostra sonora (e descarada! que vergonha...) do que vi e ouvi!
prometo que vale a pena assistir até o fim!!



tom jobim - amparo e stone flower


o bis (nesse, dá pra ouvir claramente que eu estava com a respiração presa até a música acabar :)


10.2.12

post breve, em resposta à minha ansiedade

não consigo dormir.
não tenho forças para fazer o post como deve ser feito.

eis aqui a minha visão do concerto dessa noite:



foi longe.
muitas horas de viagem.
mas sentar na primeira fileira, ouvir, rir, chorar...
e até tomar um lanche com eles depois...
ah!
não tem como dormir mesmo.

amanhã eu faço o relato, com vídeos, com detalhes, com tudo.
mas sou ansiosa.
e não ia conseguir me despedir desse dia inesquecível sem nenhuma manifestação aqui nesse meu lugar.

odair e sérgio: duo assad.
eu geralmente tenho orgulho de ser brasileira, mas hoje, tive mais...

8.2.12

!!!


quem quiser aparecer, tamo junto!!
faltam menos de 2 dias e eu quase não caibo em mim de tanta felicidade...

uma anedota para músicos

achei DEMAIS esse texto.
texto desse blogueiro que eu "reblogo" constantemente aqui.
piadinhas para meus colegas músicos!!

ri alto!

Sing or Swim

…a game for ruthless music-lovers

Mark Wigglesworth 10:54am GMT 25th January 2012
There's a dinner party game that imagines a scenario in which all the great composers are sailing on board a sinking ship. In order to try and keep the vessel afloat until help arrives, composers need to be thrown over the side one by one. People take it in turns to nominate the next victim.
It begins without much debate. Viola players are sorry to see Hindemith go first, and any flautists briefly try and defend Fauré. Copland is an early shock but the fact that no one really dislikes his music is not enough to save him. The Russian Five are all dispatched in one go. When only the A List remains, the game starts to get interesting.
The fact that sentiment can easily be mistaken for sentimentality means that Tchaikovsky, Puccini, Rachmaninov, Chopin, and Dvořák tend to be people's next choice. Offended romantics then counter-attack, chucking off the more cerebral Haydn, Stravinsky, and Schoenberg. That takes care of Berg and Webern too who immediately jump off voluntarily to try and save their teacher. Mavericks are removed with little objection: Berlioz, Liszt, and Janáček all let go without too much fuss.
If there are Germans playing the game, Verdi and Elgar are usually the next in line, and the Dutch rarely pass up an opportunity to see the back of Sibelius. Mahler, Strauss and Shostakovich lose out on the premise that getting rid of their sheer emotional weight might prolong the ship's life, whilst some feel that for the very opposite reason, the delicate touch of Debussy and Ravel isn't exactly what sinking ships need. When people suggest Mendelssohn and Bruckner, the general consensus is often that they were not even on the boat in the first place.
The biggest argument arises when Brahms gets the boot. His case is logically and passionately advocated - but there's always someone who just doesn’t get it. Surprisingly, Schubert lasts a little longer, though that's probably because people had forgotten he was on board. Schumann is discarded once he's discovered hiding below deck. Eventually someone plucks up courage to suggest the hallowed name of Mozart. There are people who don't like Mozart and they rarely get a chance to say so. Funnily enough there's not as much protest as you'd expect.
And so the argument normally boils down to a final trio of Bach, Beethoven and Wagner. Some feel that as the designer of the boat, Bach deserves to be the victor. Others say that if it were not for Beethoven, it would not have been built in the first place. The Wagnerites argue that as the only man capable of steering the ship in the right direction, their hero should be the last to leave.
You learn a lot about people when you discover which composers they could do without. The game may even lose you a few friends. But there's one thing at least that everyone can agree on - a sincere hope that all the composers are good swimmers.

Mark Wigglesworth
Leading conductor Mark Wigglesworth is equally at home in the opera house as in the concert hall – and, indeed, the studio, where his acclaimed Shostakovich symphony cycle for BIS is nearing completion. In 'Shaping the invisible' Mark shares his passion for music and his fascination with the philosophies and psychologies that lie behind it. (Photo: Ben Ealovega)

uma indicação que eu não indico


abri meu exemplar de março da revista gramophone, e ávidamente comecei a ler as matérias, as críticas, as indicações.

folheando e folheando, vi uma propaganda que ocupava uma folha inteira: lançamento do segundo disco da pianista simone dinnerstein, primeiro trabalho assinado pela sony classical. por isso o "fusuê".

na capa, vi que o álbum tinha nome.
raramente discos eruditos são entitulados.
"algo quase sendo dito" é o título, que eu achei pretencioso, mas se merecido, positivamente ousado.
mas sobre essa coisa de merecimento eu ainda não podia opinar.

a frase que me ganhou: "música de bach e schubert".
foi certeiro.
achei a combinação inteligente. 
comprei o disco no amazon.

a pianista americana quer mesmo falar através das melodias de schubert e do contraponto genial de bach.
eu entendo o propósito, que é fazer o piano cantar; e consegue.
mas pra isso, ela se utiliza do rubato que somos ensinados a usar pra tocar chopin, schumann e mais alguns românticos.
não se usa o mesmo rubato em chopin e em schubert, muito menos em bach. 
só clarificando, rubato é a flexibilidade rítmica dentro de um compasso ou frase musical. o rubato não permite que o intérprete altere o valor da nota, mas dá a permissão para o intérprete de "atrasar" ou "adiantar"certas células rítmicas de acordo com seus sentimentos e sua interpretação, é claro, mantendo-se fiel ao compositor o máximo possível.
ninguém suporta rubatos exagerados porque soam forçados e é exatamente isso que me incomoda nessa pianista.

nunca fui avessa às novidades musicais, mas tocar as semínimas da mão esquerda de bach em legato?? me poupe!! isso foi outra coisa que me incomodou...
tocá-las non legato, isto é, sem estarem ligadas é quase uma lei. pode-se agregar o caráter desejado; o intérprete até tem essa autonomia, mas pianista que é pianista não liga as semínimas em bach! 

dei uma pesquisada adicional, e achei um "videoclip"que ela fez para divulgar esse novo disco, tocando o impromptu op. 90 n. 3 de schubert (muitas vezes já mencionado aqui no blog). 
ela toca bem (tirando os rubatos que como já falei, acho exagerados pra se usar tocando schubert) e eu até pensei em postá-lo aqui, mas no fim das contas, não curti tanto o vídeo. pra quem quiser conferir, é só digitar o nome dela e o título do disco em inglês no youtube, exatamente como está na foto que coloquei. 
o vídeo aparecerá.
na realidade, achei a proposta meio forçada...
mas isso é o meu gosto.
há quem goste.

em suma: sua técnica é impecável.
ela tem bom gosto em geral.

mas quer fazer de bach, que é barroquíssimo, um romântico do século XIX.
e quer fazer de schubert, que é um dos pioneiros do romantismo, um companheiro de rachmaninov, que já é neo-romântico, lá de meados do século XX.

inovação sim.
mas cada um no seu período.
barroco é barroco.
romântico é romântico.

bom pra aprender que nem tudo que reluz é ouro...rs!

7.2.12

desejos

eu vejo essas fotos e fico suspirando...
tudo daqui.











quinta-feira, dia 9

eles, ao vivo, de graça em hamilton, ny.
2º concerto desses que abocanhei (como diria o jayme) em 2012...

eu que já venho tendo certas dificuldades para dormir cedo, perderei o sono por completo até quinta-feira ... :)

mas a promessa do post pós-concerto é certa!!
isto é, se eu conseguir redigir algo...

como sempre, alguns vídeos pra ir entrando no clima...



ah! são os irmãos assad...
brasileiros, tá?

peter gabriel

nunca falei dele aqui.
mas antes de encher o post de palavras, eu deixo que ele cante as suas, que me cortam o peito, o coração...

tenho 4 dos seus álbuns.
só ouvi um inteiro até hoje.
justamente esse, scratch my back.

ele canta, escreve, fala, mostra a alma.
e no seu canto existe verdade pura, existe ele, só ele e ninguém mais!
de uma honestidade que envergonha que não faz música assim...

lindo!

a revista nossa de cada mês :)

chegou meu exemplar de março.
dá uma olhadinha na capa...


que delícia receber sua revista favorita e perceber que o artigo de capa é dedicado ao seu compositor favorito!
começo a crer que o editor chefe dessa revista é tão amante da música de schubert quanto eu...
e como se não bastasse, o nosso brasileiríssimo villa-lobos também enfeita essa capa, na parte de baixo, à esquerda...

em posts vindouros, comentarei sobre esses dois e sobre algumas outras coisas!
obrigada, gramophone :)

3.2.12

cicatriz


ontem sonhei com as minhas criancinhas.
sonhei com a escola, as muitas historinhas que eu tinha pra contar, com os abraços pequeninos;
sonhei com a "miss" que eu fui enquanto ensinei ali e com o pouco tempo que, naqueles dias, parecia eterninade...

passou.
prometi uma visita em março.
já comprei presente pra alguns...

tem coisa que vem, passa e fica.
foi lá que eu descobri que era professora e que é impossível dissociar esse ofício do instinto materno que existe lá dentro...
tomara que eles tenham descoberto a música e continuem rumando à procura dela...


saudade começa a cicatrizar...

impossível não sorrir:

- com essa música;
- esse arranjo;
- essa atmosfera e...


... e algumas outras coisas :)



fevereiro, valentine's, shakespeare


sou formada em letras com habilitação em língua inglesa e suas respectivas literaturas/gramáticas.
isso acho que nunca havia mencionado. apesar de ser apaixonada pela minha língua materna, acabei fazendo também essa opção durante a faculdade.

2012 começou, voou.
chegou fevereiro, o mês do amor no hemisfério norte.
já que estou experimentando esse fevereiro de inverno, honrarei a língua e os apaixonados com os nobres versos de shakespeare, em romeo e julieta:

Nurse:
[Within] Madam!
Juliet:
I come, anon.—But if thou meanest not well,
I do beseech thee—
Nurse:
Madam!
Juliet:
By and by, I come—
To cease thy strife, and leave me to my grief.
To-morrow will I send.
Romeo:
So thrive my soul—
Juliet:
A thousand times good night! [Exit above]
Romeo:
A thousand times the worse, to want thy light.
Love goes toward love as schoolboys from their books,
But love from love, toward school with heavy looks.
Romeo And Juliet Act 2, scene 2, 149–157


que chegue depressa o dia 14 :)