na cólera do fim do concerto, fiz promessas de um post completo postando um fajuto, e viajei para o brasil.
demorei mais do que gostaria, mas cá estou.
já havia deitado e fechado meus olhos muito graúdos e vermelhos de sono.
mas ao novamente ouvir algumas canções, algo se ascendeu no meu coração e eu senti que a hora de postar sobre esse concerto era essa.
pois bem:
foi uma noite mergulhada no mundo do violão.
o concerto aconteceu em hamilton, ny, na universidade de colgate.
olhando no google maps, percebi que essa cidade fica quase no canadá, mais ao norte do que boston.
o pá tinha alguns compromissos em nyc e em princípio, achou inviável irmos até hamilton. mas depois de ouvir um disco dos violonistas, ele se convenceu sem nem precisar dos meus argumentos.
a música falou por mim.
mã, pá e eu atravessamos o frio do norte dos estados unidos e ao cair da noite, chegamos a universidade. conforme o anúncio, sabíamos que o concerto seria na memorial chapel. fomos direto pra lá, e como chegamos com alguma antecedência, estava acontecendo um ensaio de coral.
esperei, esperei, andei de um lado para o outro. o pá tranquilo, veterano de internatos, foi jantar no refeitório com a mã, e eu em vigília em frente a porta da capela.
a essa hora, a entrada ainda não era permitida, mas como os assentos não eram marcados, eu não podia me dar o luxo de NÃO sentar na primeira fileira!
chegou a hora e o público começou se aglomerar em frente à porta do salão. daqui de fora eu ouvi e vi os dois sentando-se calmamente, aquecendo os dedos.
o coração na boca!
eu precisava do assento!!!!
pouco depois, desapareceram e abriram-se as portas.
andei devagar até a primeira fileira com o sangue a fervilhar até conseguir sentar onde queria.
silêncio sepulcral.
o opulento órgão de tubo dava à sala um ar reverente, quase celestial.
lá do fundo, irrompeu um par de palmas que rapidamente se esparramou pelo auditório.
à passos lentos e despretenciosos, sérgio e odair assad ocuparam o palco.
e o resto é só música.
isso, é impossível relatar.
é preciso estar, ver, ouvir.
eu jamais me proponho a descrever minhas impressões musicais dos concertos que vou, pois sempre me soam pálidas perto do que vivi.
durante o concerto, eu não acreditava que testemunhava um momento daquele sem ter pago um centavo por um ingresso.
tudo em prol dos músicos em formação, das boas referências.
saí flutuando.
foi quando li no programa impresso que a universidade ofereceria um lanche a todo o público no andar debaixo da sala de concertos, e que todos estavam convidados. isto também seria gratuito.
e o cardápio era customizado!! olha o capricho desses biscoitinhos (que eu nem provei, porque numa situação dessas, a fome passa longe!):
no fim das contas, os irmãos assad apareceram pra comer um pouquinho, conversar com a galera...
que experiência.
claro que eu fui atrás de uma foto.
claro que cheguei falando em português.
e pra minha surpresa, o sérgio assad olhou pra mim e pro meu pai dizendo: "vocês são patrícios né? nós somos meio parentes, não?"
isso tudo por causa da nossa cara de turcos (os violonistas fazem parte da 3ª geração dessa família libanesa no brasil).
eu tive que desapontá-lo dizendo que, na realidade, nossa ascendência é judaica.
ele respondeu: "ah, somos todos hermanos! eu sabia que vocês eram daquelas terras"...
e assim foi...
meu pai comprou TODOS os produtos a disposição naquela noite.
total: 7 cds, 1 dvd.
queria que eles autografassem todos!!!!
ó, céus!! se não sou eu...
autografaram 3, e ele ainda reclamou comigo....rs!
foi de bom tamanho.
como sempre, saí dali com um aperto bom no coração, com a certeza de que nada seria igual.
com a precisão técnica de dois músicos incomparáveis e com o "sabor" brasileiro para o qual todos gringos se curvam...
que orgulho, que coisa linda de se presenciar!
abaixo, uma amostra sonora (e descarada! que vergonha...) do que vi e ouvi!
prometo que vale a pena assistir até o fim!!
prometo que vale a pena assistir até o fim!!
tom jobim - amparo e stone flower
o bis (nesse, dá pra ouvir claramente que eu estava com a respiração presa até a música acabar :)