Ela é pequena e aconchegante. Muitíssimo jardinada, contendo quase todos os tipos de flores e plantas tropicais.
As duas casas são de madeira e pintadas dum rosa quase branco. O calor equatorial deixa a tonalidade do ar quase alaranjada, quando uma rara brisa sopra e alvoroça a terra vermelha , misturando-a com o rastro polvilhado dos raios de sol.
Muito verde, muitas frutas, frutas do norte: cupuaçu, graviola, carambola...todas no quintal, esperando ser apanhadas do pé.
Eu ando pelos canteiros e tenho lembranças ternas; ando e recordo o curral que me amedrontava, recordo o leito fresco de todas as manhãs, recordo as brincadeiras no areal que me punham irreconhecível, recordo o cheiro de repelente constante e necessário, recordo as idas ao galinheiro( quando eu , penalizada, precisava escolher uma galinha para o almoço).
Lembranças preciosas...
Hoje, o curral está vazio, assim como o galinheiro. A chácara não tem sinal de internet ou de telefone. A antiga e farta biblioteca de meu avô agora cheira a mofo e a cozinha - antes o santuário da casa - está desativada.
Ninguém mais mora aqui. O jardim continua belo, mas poucos apreciam essa beleza. Tudo parece ser como era, mas não é.
O almoço foi farto e saboroso, como costumava ser; minha avó ainda reina por terrenos culinários.
E alguns ainda conseguem concentrar-se no calor, nas picadas dos mosquitos, na poeira...
Tanta chácara para poucos apreciadores...